O stress tende a acumular-se durante todo o ano e pode fazer sentir-se nos músculos e articulações. Aprenda a reconhecer estas manifestações e como combatê-las no dia a dia, com a ajuda de Catarina Resende, reumatologista no Hospital da Luz, em Lisboa.
Má postura, rotina, falta de sono, pouco ou nenhum exercício físico. Temos pouco cuidado com o nosso corpo e, dia após dia, semana atrás de semana, este “descuido” acaba por deixar marca. Dores no corpo e articulações, cansaço generalizado e até falta de memória fazem temer algum problema físico grave mas são, na maioria das vezes, sintomas de stress e ansiedade acumulados.
“No serviço de reumatologia, grande parte dos doentes surge-nos na consulta por causa dessas dores inexplicáveis”, diz Catarina Resende. “É a dor produzida pela ansiedade, pela depressão, pelo stress. O doente – que tanto pode ter 18 como 60 ou 70 anos – sente dores pelo corpo todo, de uma forma que nem sempre lhe é fácil de explicar: “Dói-me tudo, da cabeça aos pés”, “tenho dores pelo corpo todo”, “doem-me as articulações todas”, explica a reumatologista.
Muitas vezes, quando chegam ao consultório, os doentes já fizeram vários exames e recorreram a diferentes especialidades. “Como a dor não passa, as pessoas acabam por entrar num estado de ansiedade – o que é que eu tenho?! Correm todos os médicos, fazem exames – que se mostram inconclusivos. Mas por vezes, com perguntas muito óbvias, na consulta percebemos o que é que o doente tem: se se trata de uma doença reumática, inflamatória – como a artrite reumatoide – ou se as dores são fruto da ansiedade e da rotina da pessoa”, diz Catarina Resende.
Nestes casos, cabe ao médico avaliar o quotidiano do paciente: trabalho, vida pessoal, posição que mantém ao longo do dia, prática de exercício físico… “Existe o fator stress mas muitas vezes também rotina também é determinante. E a as pessoas não fazem nada pelo bem do corpo: têm posições erradas, dormem mal, não corrigem a postura… E isto leva a que a dor não alivie”, diz a reumatologista.
As alterações dos neurotransmissores
Enquanto nas doenças reumáticas ou autoimunes há fatores conhecidos que provocam a cascata da inflamação, nestes casos, isso não acontece. “O que sabemos é que os doentes têm alterações das neuro-endorfinas – os neurotransmissores do bem-estar, como a melatonina ou a seratonina – que também acabam por provocar um cansaço generalizado. E isso é algo que não aparece nas análises”, explica Catarina Resende.
Os sintomas – que além da dor em zonas muito específicas como os ombros, a zona lombar ou as pernas, podem incluir picadas, e dormência dos músculos – por vezes são aliviados com fármacos que atuam sobre os neurotransmissores e o doente é encaminhado para outra especialidade, como a psiquiatria.
Reeducar os comportamentos
Mas não há fármacos que eliminem os fatores que originam o stress, pelo que a reeducação é fundamental. “Temos de explicar ao doente o que não faz bem. Há que reeducá-lo. Corrigir a postura, fomentar o exercício físico como o pilates e a hidroginástica – algo que mobilize os músculos”, diz a reumatologista. “Muitas vezes, ao início, os doentes dizem que não conseguem, por causa das dores. Mas é melhorando a condição física e educando o corpo que o doente vai percebendo que melhora. Além do exercício físico sou ainda apologista dos alongamentos”, afirma Catarina Resende.
O exercício físico, devidamente compensado com o trabalho de massagem e alongamento, feito semanalmente, acaba por ajudar a quebrar a rotina e liberta os pontos de tensão associados à dor.
“No dia a dia o essencial é quebrar a rotina, corrigir posturas, dormir bem e apostar no exercício físico. E isso passa por reeducar os comportamentos”, garante Catarina Resende.
Conteúdo revisto
pelo Conselho Científico da AdvanceCare.
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