Natal e Saúde Mental

Mas, se por um lado a época natalícia pode ser sinal de reencontro, alegria e felicidade, também existe o lado oposto da moeda. Durante esta altura do ano, são muitas as tarefas, as listas de compras e os preparativos que nunca mais acabam, para que tudo fique perfeito na quadra festiva. Para além disso, o reencontro com várias pessoas e a confusão destas festividades não é necessariamente sinónimo de bem-estar para toda a gente.

Como o Natal pode afetar a saúde mental

Nesta época festiva, é totalmente normal e expectável que se venha a sentir ligeiramente mais stressado, ansioso e inquieto, principalmente pelo facto de ter muito em que pensar e uma lista interminável de coisas com que se preocupar. Mas são diversas as causas para estes sentimentos de angústia, que acompanham a chegada do Natal. Estas emoções mais negativas podem advir da quantidade de coisas que tem para fazer, somadas ao cansaço e até exaustão. Poderá existir o luto de familiares ou amigos, intensificado durante a quadra ou até mesmo o agravamento de sintomas já existentes relacionados com a saúde mental, que se podem acentuar. Não esquecendo o facto de que nem todas as pessoas mantêm uma excelente relação com os familiares que têm muitas vezes de rever nesta altura. E a solidão é também um sentimento muito presente nesta época uma vez que muitas pessoas não têm familiares e/ou amigos por perto.

Para quem já possui previamente um quadro clínico ansioso ou depressivo, assiste-se muitas vezes a um agravamento da situação. Isto acontece porque o Natal pressupõe uma mudança de hábitos, podendo, então, criar desafios novos e complexos que vão afetar o equilíbrio das emoções.

De onde virá a ansiedade?

Como mencionado, existem diversas situações que podem afetar a nossa saúde mental durante a quadra natalícia – principalmente para quem lida com condições prévias. No entanto, deixamos-lhe aqui três aspetos que podem agravar este desequilíbrio:

• O consumo de álcool. Todos sabemos que períodos de reunião – sejam entre família ou amigos – normalmente equivalem a um consumo mais elevado de bebidas com algum teor alcoólico. Apesar de o álcool poder ter a capacidade de nos fazer sentir, de alguma forma, mais leves e soltos, a verdade é que poderá igualmente trazer algum desconforto – seja na mudança de humor ou de comportamento, ou até mesmo em efeitos secundários quando acontece o excesso de ingestão deste tipo de bebidas. O ideal é beber com moderação e saber quando estiver na hora de parar.
• A comida em excesso. Muitas das resoluções da passagem de um ano passam pela realização de uma dieta mais saudável e equilibrada, de modo a sentir-se mais confortável no seu próprio corpo, seja por motivos de saúde ou estéticos. Estas metas surgem, muitas vezes, após as longas refeições realizadas durante o Natal. Embora seja uma altura de celebração e festa, não se esqueça de manter o equilíbrio alimentar e não coma para além daquilo que o seu corpo necessita. Uma boa alimentação afeta o seu corpo, tanto a nível físico, como a nível mental.
• Interrupção da prática de exercício físico. Para pessoas que praticam exercício frequentemente, a quadra natalícia pode ser uma altura de pausa, de forma quase inevitável e talvez, muitas vezes, inconsciente. Sendo uma quebra na rotina, isto pode fazer com que sinta o seu estado de espírito relativamente diferente. Caminhadas em família, passeios de bicicleta e jogos divertidos de família são uma grande ajuda para não parar por completo, enquanto, ao mesmo tempo, se entretém com companhia.

Não obstante os factos referidos, vale relembrar que nos anos anteriores esta altura natalícia foi vivida de maneira atípica e os costumes acabaram por sofrer algumas alterações, pelo que, para grande parte da população, o retorno à normalidade poderá acionar gatilhos antigos ou até que não existiam antes deste momento de grande transformação na vida de todos nós.

Dicas pela sua saúde mental na época festiva

De modo a enfrentar o Natal da melhor forma e com um pouco mais de tranquilidade, deixamos-lhe algumas dicas que consideramos úteis e que pode seguir:

• Faça listas e prepare a época com antecedência. Se o Natal já é stressante por si mesmo, deixar os preparativos para o último dia só o vai esgotar ainda mais. Para além disso, a antecedência pode equivaler a poupança de tempo e até mesmo de dinheiro.
• Os picos de ansiedade pioram quando se vê no meio de multidões e confusão? As compras on-line podem poupar-lhe imenso tempo e cansaço. Adicionando o facto de que, com uma maior possibilidade de comparação de produtos e preços dos mesmos, é capaz de vir a economizar algum dinheiro com esta opção.
• Não se isole e faça-se acompanhar das pessoas de quem mais gosta. Apesar de tudo e pelos mais variados e válidos motivos, o Natal também pode trazer sentimentos de solidão e baixa autoestima. Rodeie-se de família ou amigos mais próximos, com quem possa interagir da melhor maneira e ser o seu verdadeiro “eu”.
• Tudo se torna melhor quando não é em excesso. Já mencionámos acima que existe uma tendência para comer e beber mais do que o habitual, quando estamos perante a quadra festiva. No entanto, o seu corpo e mente sentem essa mudança e poderão não reagir da melhor forma. Coma, beba e divirta-se, mas tudo com moderação e precaução.
• Permita-se fazer uma pausa. Teve de andar a correr atrás dos presentes para oferecer? Foi designado como o chefe das refeições de Natal? Percorreu uma maratona em todos os supermercados para garantir o melhor na sua mesa natalícia? Seja como for, se sentir que está a precisar de uma pausa, não hesite. Tire um tempo para si, para se abstrair de tudo o resto, e não se sinta culpado por causa disso. Todos os seus sentimentos são totalmente válidos.

Sente que precisa de ajuda?

A necessidade de ajuda pode surgir em qualquer momento da vida. Se sofre de constantes sinais de ansiedade e depressão – como por exemplo, isolamento excessivo, angústia, fácil irritabilidade, falta de apetite ou insónias – não hesite em procurar ajuda de amigos e família e consulte um profissional. Não se esqueça: não existe saúde, sem saúde mental.