Ansiedade, solidão e stress: os inimigos da saúde mental que a pandemia despertou

Saúde e Medicina
Última atualização: 09/01/2023
  • Ansiedade, solidão e stress não são problemas de agora, mas com a pandemia vieram a intensificar-se;
  • Muitas vezes estas doenças passam despercebidas, é preciso reconhecer os sintomas não só para benefício próprio como para conseguir ajudar outros;
  • Felizmente, existem tratamentos e formas de ultrapassar.
Ansiedade, solidão e stress

Os problemas não são novos, mas a pandemia veio expô-los ainda mais e hoje são muitos os portugueses que apresentam sintomas relacionados com ansiedade, solidão e stress. Procurar um profissional de saúde que preste apoio online pode ser a solução numa altura em que o confinamento é um dever.

Desde que a pandemia de covid-19 deflagrou, muitos têm sido os alertas diários sobre o seu impacto na saúde mental dos portugueses. Em particular, destaca-se o aumento dos casos de ansiedade, solidão e stress e as razões são fáceis de encontrar: vão desde o número de mortes diárias provocadas pela infeção até à crise socioeconómica, passando pelas repercussões que o isolamento provoca a nível relacional, emocional e até profissional.

Num documento produzido sobre o assunto, a Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP) chamou a atenção para o assunto, sublinhando que “cerca de metade dos portugueses sentiu impactos psicológicos moderados ou graves e mais de 70% dos que estiveram em situação de isolamento apresentam sofrimento psicológico”. No mesmo relatório constata-se que “a prevalência dos sintomas de ansiedade, depressão e perturbação de stress pós-traumático aumentou consideravelmente”, sendo que também “as crianças e os adolescentes revelam estar mais preocupados, frustrados, ansiosos, agitados e tristes”.

Entre as justificações para este quadro preocupante, a OPP destaca questões como “o luto pela perda de pessoas que amamos, o desespero do desemprego e das perdas económicas, o isolamento físico de familiares e amigos, as exigências de dinâmicas familiares alteradas, a preocupação constante, o medo e a incerteza face ao futuro”, assim como “mudanças nos nossos hábitos diários que também podem configurar riscos para a nossa saúde psicológica e bem-estar, como a diminuição da qualidade do sono e da atividade física, o consumo excessivo de álcool ou a exposição mais prolongada a ecrãs ou à internet”.

Apesar de já ter passado algum tempo desde o início da crise e de até já terem sido desenvolvidas vacinas contra o SARS-CoV-2, a verdade é que “as consequências da covid-19 para a saúde psicológica e o bem-estar estão longe de terminar”, antecipam os autores do documento, que acreditam que “assistiremos ao seu expectável agravamento durante os próximos meses”. A OPP lembra que, “antes da pandemia, sabíamos que mais do que um em cada cinco portugueses tinha sofrido ou sofria de um problema de saúde psicológica”, considerando que “a pandemia veio expor e evidenciar uma necessidade já conhecida: a de cuidarmos de nós e da nossa saúde psicológica e a de serem disponibilizadas respostas acessíveis e contingentes aos problemas e dificuldades da população”.

Atenção aos sintomas

Tendo em conta a situação preocupante que se vive atualmente, importa, pois, que cada pessoa esteja atenta à sua saúde — não só física, mas também psicológica — e faça o que está ao seu alcance para prevenir a ansiedadeo stress e a solidão. Ainda que alguns sintomas sejam comuns e perfeitamente normais como reação a situações motivadoras de ansiedade e stress, como a que se vive atualmente, há, todavia, que procurar aconselhamento profissional no caso de estes sinais persistirem por mais de duas semanas. Eis alguns sintomas a que é preciso prestar atenção:

  • Ansiedade, irrequietude, medo;
  • Insónia ou outras alterações do sono;
  • Cansaço;
  • Pesadelos ou sonhos recorrentes;
  • Pensamentos intrusivos persistentes;
  • Alterações gastrintestinais;
  • Aceleração do batimento cardíaco;
  • Preocupação excessiva e recorrente sobre a pandemia;
  • Tristeza, choro fácil, falta de esperança;
  • Hipervigilância, reatividade;
  • Irritabilidade, zanga, ressentimento, conflitos com amigos e familiares;
  • Excesso de crítica, culpabilização dos outros;
  • Culpa, questionamento;
  • Isolamento social (além do imposto);
  • Aumento do consumo de álcool, medicamentos ou substâncias;
  • Recurso abusivo ao jogo ou apostas online como forma de escape;
  • Dificuldade na tomada de decisão;
  • Dificuldade em estabelecer prioridades;
  • Diminuição da capacidade de concentração;
  • Diminuição da resposta imunitária.

Procurar apoio online — uma opção

Tendo em conta o contexto de confinamento em que se vive, é possível que algumas pessoas se confrontem com a necessidade de procurar apoio psicológico junto de profissionais especializados, mas devido ao medo e insegurança resultantes do coronavírus acabem por não o fazer. Uma das soluções que têm vindo a ser adotadas passa pelas consultas online, um pouco à semelhança do que tem sido posto em prática noutras dimensões, desde as aulas à distância ao teletrabalho. 
O recurso a consultas de psicologia e/ou psicoterapia online é algo que já acontecia antes da pandemia e diversos estudos científicos mostram que a sua eficácia é comparável à das consultas presenciais. Por exemplo, numa meta-análise publicada em 2018, no Journal for Anxiety Disorders, concluiu-se que a terapia para a ansiedade e depressão recorrendo ao computador é um cuidado de saúde eficaz, aceitável e prático. Resultados semelhantes têm sido encontrados por outros investigadores, nomeadamente em pesquisas mais recentes, como a publicada no Journal of American College Healthem 2020, que conclui que o aconselhamento online, através de sessões vídeo e síncronas, constituiu uma hipótese viável para o tratamento de estudantes com ansiedade. 

Vantagens das consultas à distância

São diversas as vantagens apontadas às consultas online com profissionais de saúde especializados em tratar de questões relacionadas com a saúde mental, como os psicólogos ou psicoterapeutas:

Conveniência: Ligar um computador à hora marcada é mais fácil e desejável para muitas pessoas — sobretudo para quem se encontra num estado emocional mais frágil e vulnerável ou sofre de ansiedade social — do que ter de se deslocar a um sítio, enfrentando tudo o que isso implica, nomeadamente, o desafio do trânsito, do estacionamento ou dos transportes públicos e depois ter de fazer tudo de novo no final da sessão para regressar a casa.

Conforto: Falar de assuntos difíceis do ponto de vista emocional pode ser mais fácil num ambiente caloroso e familiar e isso é possível quando se realiza uma consulta online, em que a pessoa acede a partir do conforto da sua casa e pode estar, até, acompanhada do animal de estimação.

Facilita a logística: Encontrar tempo na agenda, pedir a alguém que cuide dos filhos durante o tempo da sessão ou pensar na logística da deslocação. São muitos os motivos que levam algumas pessoas a desistir de procurar ajuda, mas todos estes aspetos perdem relevância quando a sessão é online e pode ser facilmente encaixada na real disponibilidade de cada um.

Maior oferta de serviços: Quem vive em zonas rurais ou com pouca oferta de serviços de saúde mental de qualidade encontra, nas consultas online, uma forma de contornar esse constrangimento.

Confidencialidade: Algumas pessoas privilegiam soluções que as protejam de ser vistas por outras a procurar ajuda psicológica, nomeadamente, ao entrarem num consultório ou ao permanecerem numa sala de espera.

Todas estas vantagens são suficientes para ultrapassar alguns inconvenientes que possam ser sentidos, nomeadamente, a falta de contacto pessoal, e podem mesmo ser a solução para o apoio a muitas pessoas que vivem momentos de sofrimento, como resultado da crise desencadeada pela pandemia. A AdvanceCare disponibiliza Programas Online de Psicologia, com acompanhamento personalizado prestado por uma psicóloga através de videochamada, de modo a disponibilizar apoio adequado a cada caso em particular.

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pelo Conselho Científico da AdvanceCare.

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